Beber o mar parece uma boa ideia, de Pedro Índigo
Leia abaixo três poemas de Beber o mar parece uma boa ideia, de Pedro Índigo:
Beber o mar
Beber o mar parece uma boa ideia
Me encher do caminho mais antigo
Descobrir todas as suas glórias
Honrar todas as suas mortesBeber o mar deve ser uma boa ideia
Engolir cada parte do mundo
Todos os oceanos
Criar dentro de mim mapa hídricoBeber o mar soa como boa ideia
Saborear toda a sua poesia
Desbravar a melancolia do blue
E o frescor romântico do azul
E beber o mar pode mesmo ser boa ideia
Talvez o sal me faça lembrar
De como gostava da água doce
E eu valorize mais o beber de casaBeber o mar parece uma boa ideia
Talvez não seja
Talvez seja péssima
Mas eu não saberei até tentar
***
Baby 99
Seu olhar é doce
Sua boca é linda
O seu riso é frouxo
E seu humor igual ao meuSeus cachos são belos
Seus toques são terno
Mas nossos beijos fervem
Quentes como o infernoQuando deitamos na cama
Ou deitamos no papo
Deito no teu sorriso
E já passou das quatro
De tanto sentir seu ombro amigo
E seus lábios de namorado
Nos despedimos de novo
Nos vemos as vezes
As vezes passam mesesMas todo encontro relembra:
A espera vale a penaTrocamos saliva
E olhares
Falamos da vida
E dos paresFicamos em paz, sem ligar
Pro tempo que passa
Sem nos esperar
***
Memória no corpo
Eu não esperava
De certo nem mais buscava
Ainda que, é verdade, fantasiava
Que a gente fosse um dia rolar
Já tinha desacreditado
Te visto com outros olhos e acreditado
Que apesar desse sorriso ousado
Você seria só outro amigo meu
Mas em uma noite ordinária
Bebendo uma garrafa qualquer
E conversando como quem não quer nada
Algo reacendeu
Seus olhos na minha cara
Minha coxa na sua colada
Minha música tocando alta
E minha vontade de você sendo lembrada
E aí tudo virou fogo
Teu olhar amigo virou desejo
E eu nem pensei mais no meu sono
Nos devoramos após poucas palavras
Com perigo de sermos pegos
Vivendo uma aventura
Pensando no volume do nosso beijo
Tínhamos companhia, é verdade
Mas não conseguimos nos conter
E durou por diversas horas
Repousava ali em minhas mãos
Seu desejo de me consumir
E minha incapacidade de dizer não
Depois bateu o sono
Afinal passavam das cinco
Mas não houve na manhã vergonha
Só a memória no corpo comigo
Sobre o autor
Pedro Índigo é um poeta e professor natural de São Vicente, litoral de SP. Formou-se em Letras - Português/Inglês pela Universidade Federal de São Paulo em 2021. Pedro é autor das zines “Maré Alta”, “Poemas do assento 43”, “Olhar o céu nem sempre ajuda” e “Notes on being too much” – sendo esta última inteiramente em inglês. Também já realizou um podcast de poesia gravada chamado “Maresia” que possui duas temporadas. Seus poemas transitam por diferentes estilos e tem como pauta as sensações mais intensas, cruas ou idealizadas que as relações humanas causam.
Sobre o produto
Capa comum: 120 páginas
Editora Libertinagem, 1ª edição
São Paulo, janeiro de 2024
Formato 14x21
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